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Archive for the ‘Opinião’ Category

Como eu havia prometido, segue a minha avaliação da 21ª Festilha. Deve ser o maior texto já publicado no blog. Então, pra alguns, vai acabar ficando um pouco chato de ler. Ele é totalmente opinativo. O pessoal tem todo o direito de concordar ou discordar do que foi dito.

No meio do post existe um vídeo do Youtube. Nele você confere a entrevista (em áudio) que fiz com Luiz Roberto de Oliveira, prefeito de São Francisco do Sul, no último dia da festa. Vale a pena ouvir. Mas vamos em frente:


O que aconteceu de bom?

Vi, e ouvi, muita gente reclamar dos shows nacionais. A maior reclamação vinha de um público com mais de 30 anos. Não me agrada a prática de análise comparativa, mas nesse caso, não tenho outra saída.

Vou pegar a festa do ano passado como exemplo. Tivemos aí os seguintes shows nacionais: Cassiane, Calypso, The Brothers, Jerry Adriani, Wanessa Camargo e Rick e Renner.

Acredito que em 2009 a festa atingiu um público um pouco diferente. O gospel foi mais uma vez contemplado, dessa vez com a apresentação de Suellen Lima. O rock católico da Rosa de Saron foi um tiro certeiro. Os rapazes estão na mídia. Aliás, estão na moda. É uma banda de grande apelo nacional, mas que ainda está restrita a um público com perfil mais jovem, principalmente pelo tipo de som que faz. Pra ver o sucesso dos caras, como eu mesmo já falei aqui, basta abrir um site de letra de música. Vou exemplificar melhor. Enquanto eu digitava esse texto, visitei os seguintes sites: http://letras.terra.com.br/ e http://vagalume.uol.com.br/

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No Portal Terra, a banda aparece em terceiro lugar no Top Artistas e em primeiro lugar no Top Letras, com a canção ‘Sem Você’. Já no Vagalume, os rapazes aparecem em quarto lugar entre os artistas mais procurados, também em quarto lugar entre as músicas mais procuradas (outra vez com ‘Sem Você’) e em segundo lugar na lista de álbuns mais procurados.

Tem como negar que os caras estão arrebentando?

Tivemos ainda o show da dupla Hugo Pena e Gabriel, que não tem a mesma fama e o mesmo público de Rick e Renner, mas também está na moda. O ‘sertanejo universitário’ é, de modo geral, o som do momento. Valeu a aposta.

Pulo agora para o Dudu Nobre, que pra muitos foi a grande atração da festa. Ele foi, sem dúvidas, o show que mais misturou as pessoas (no que diz respeito a idade). Dudu Nobre interpreta grandes clássicos do samba, o que faz a alegria de todos. Em uma cidade onde o samba e o pagode atuam de forma muito forte, como em São Francisco do Sul, ter um show desse gênero foi um avanço, se compararmos ao ano passado.

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Tivemos ainda o Maskavo. Uma banda de reggae de grande sucesso nacional. Porém, muitas pessoas com um pouco mais idade nem sabiam de quem se tratava. A juventude agradeceu, os mais velhos não.

Pra fechar, o show de Agnaldo Rayol. Esse talvez tenha sido o único (ao lado de Dudu Nobre) que agradou a ‘velha guarda’ da cidade. Mais além falo um pouco mais sobre esse, em específico.

Ainda falando desses shows nacionais, quero deixar o registro sobre o atraso nas apresentações. Já estou acostumado a esperar, no mínimo, 30 minutos em grandes eventos. Uma vez, na Marejada, em Itajaí, esperei duas horas pelo início de um desses shows nacionais. Na Festilha não tivemos problemas com isso. Acho que o maior atraso foi de 20 minutos. O público, de modo geral, agradece.

O tamanho da festa (sete dias) gerou algumas discussões. Eu gostei. Achei que não ficou exagerado nem curto ao extremo.

Também gostei muito de ver o trabalho realizado na exposição coletiva. Foi, de longe, o melhor feito até hoje. Antes, as obras eram colocadas nos painéis sem pintura, o que desvalorizava muito o produto final. Dessa vez foi tudo diferente. Parabéns pra quem fez a curadoria.

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Gostei muito da segurança da festa e da limpeza (de um dia pro outro) que percebi no evento. Outro ponto interessante foi a pesquisa que estava sendo realizada. Ninguém melhor do que o próprio povo pra expressar a sua opinião em relação ao evento. Se o material for bem utilizado, certamente vai ajudar muito mais do que esse meu texto.

Por fim, destaco que a equipe de trabalho foi muito solícita em todos os momentos que precisei. Não sei os demais profissionais que cobriram a festa, mas eu não tenho do que reclamar. É claro que uma coisa ou outra ainda precisa ser melhorada, mas isso é aprendizado. Parabéns e obrigado pelo apoio nesses dias.

O que aconteceu de ruim?
O primeiro item a ser comentado diz respeito aos shows, mas não aos nacionais. Faltou ‘programação paralela’, principalmente no pavilhão Ilha Grande. Em outros anos, era difícil passar pelos locais e não ouvir um som ao vivo. Dessa vez, esse item foi bem fraco. Os outros dois pavilhões até estavam bem servidos, mas o que, na teoria, era o principal, acabou ficando meio de lado.

Ainda nesse item, podemos dizer que faltou uma banda pra abrir/fechar os shows nacionais. No Maskavo houve uma banda que fez um encerramento. Porém, tivemos muita demora entre o término da atração principal e o início da ‘secundária’. Uma sugestão é construir um palco menor na lateral. Assim, não teríamos esse atraso e o público ficaria tentado a permanecer no local. Porém, não sei se temos espaço físico pra isso.

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Temos ainda o problema do público dos shows. É inegável que a parcela atingida foi mais jovem do que em outros anos. Isso agradou uma parte, mas desagradou outra. Talvez uma apresentação a mais, focada nesse público, tivesse minado críticas nesse sentido. E não precisa ser um cara lá da Jovem Guarda. É só ver o que fez Araquari: trouxe o cantor Leonardo (que tem mais apelo de público do que qualquer um que veio na Festilha) e acabou se dando bem. Tirando esse show, todos os outros em Araquari eram de cantores com pouca expressão midiática (no momento). Pra resumir a história toda: faltou alguém famoso ao extremo. Alguém que mobiliza multidões e que marca a festa.

A falta de atrações musicais paralelas no ‘Ilha Grande’, foi um problema também para os comerciantes. Conversei com vários na terça-feira (último dia da festa) e era consenso que o movimento havia sido fraco, se comparado ao de outros anos. O pessoal não sentou pra comer, pra gastar. Quando fazia isso, optava por outros pavilhões.

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Também teve gente que reclamou que a programação musical estava acabando muito cedo. Não fiquei até o fim da festa, então não posso afirmar nada quanto a isso. De toda forma, ouvi várias reclamações e, portanto, faço o registro.

Outro item relativamente fraco foi a divulgação. Não vi um grande trabalho de marketing nessa Festilha. Faltou ‘saber vender’ a festa para as cidades vizinhas. Não vi, como em outros anos, placas publicitárias ou anúncios na tv. Aliás, vi uma ou outra, mas nada muito expressivo. Até mesmo a cobertura do Grupo RBS foi fraca. Volto a citar a Marejada: em Itajaí, o trabalho de assessoria de imprensa era o maior marketing da festa. Durante todo o evento eu recebia releases com informações dos shows, entrevistas com os cantores e por aí vai. Como eu disse ali no começo, faltou saber vender.

Mais um item: o show de Agnaldo Rayol no Clube Náutico Cruzeiro do Sul. Acho que o fato da apresentação ter sido no clube, ANTES da abertura oficial da festa, acabou descaracterizando um pouco. Muita gente acabou esquecendo que o cantor esteve na Festilha. Minha sugestão é a seguinte: a escolha da Rainha poderia sim ter sido feita no Cruzeiro, mas sem a necessidade de uma grande apresentação. Agnaldo Rayol na segunda-feira, por exemplo, teria agradado bem mais e valorizado a festa.

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Pra fechar a história toda, fica a reclamação pela falta de informações nos folders de divulgação. Ninguém sabia qual atração folclórica ia se apresentar ou qual grupo subiria ao palco. Deixar apenas ‘apresentação cultural’ ou ‘apresentações musicais diversas’ fica muito vago, prejudicou muito. Ficou parecendo que a cultura não estava sendo valorizada (já que não possuíamos muitas informações) e que a festa foi feita ‘em cima da hora’, com o folder tendo sido produzido antes mesmo da organização conseguir fechar contrato com as bandas.

É tudo uma questão de aprendizado. Se o governo souber reconhecer os seus erros, e o prefeito afirmou que sabe, a próxima edição tem tudo pra ser muito melhor. Ao povo, resta cobrar e aguardar. Ao governo, trabalhar, trabalhar e trabalhar…

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